domingo, 6 de janeiro de 2013

Diário de livro



Praia Grande, 18hs

Enquanto os novos ricos se exibem em seus opulentos barcos, garotas bêbadas tropeçando na areia, leio a primeira página do jornal A cidade. No topo a manchete com a cobertura sobre as chuvas, intitulada De novo não! Abaixo, com igual destaque, a cobertura sobre o tradicional desfile de barcos de 1º de janeiro, intitulada O mar das popozudas. Na lateral, uma coluna com a cobertura do dia a dia da região: "Mulher é executada em Paraty", "Empresário paulista morre afogado em Angra", "Mineiro é morto a tiros no Camorim", "Foi cobrar dívida e levou facada".

Há três dias não checo meus e-mails, quando o abro vejo um e-mail da minha editora, postado há dois dias. Enquanto o leio me sinto um mané, porque há poucas horas havia enviado uma mensagem por celular cobrando informações já ultrapassadas. Espero que coloque na conta negativa da minha ansiedade. Eu já queria ter posto o livro nas ruas, Trovadores elétricos vem sendo anunciado desde setembro, e gosto de fazer as coisas rápido para não gerar expectativas. Afinal, não sou Axl Rose!

Deixo que o vento leve minhas fantasias de autor e as páginas sensacionalistas do jornal. Atravesso a rua seguido por dois caras, não gosto da cara deles, por isso abro a porta do carro desconfiado, essa é uma cidade violenta. Enquanto passo pela enseada da Costerinha, penso em uma continuação para o booktrailler com as "mulheres armadas".

Meu celular toca, uma ligação de um amigo dos tempos do 2º grau no Colégio Estadual Arthur Vargas, hoje administra um cult bar, nos encontramos por acaso na fila do supermercado no dia 31 de dezembro, ambos correndo com as compras, e na ocasião havia falado sobre a possibilidade de um lançamento na cidade, com o eco performances poéticas, o show completo que eletriza  JF. Uma vez em Angra, venda o peixe.

Aguardem novas notícias em breve.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

diário de um livro


Angra dos Reis, 10:00hs


 
 
A tempestade cai forte sobre Angra, como todo mês de janeiro, barreiras interditando a Rio-Santos, famílias que moram em área de risco sendo retiradas para os ginásios cobertos das escolas públicas. Eu nasci aqui, em uma área de risco. Esta é vista da minha casa. Morro do Santo Antônio. 
 
 

Alguns amigos me ligam pergutando: "E o livro? Já está na gráfica?". Pergunte à minha editora, mas ela não responde. A chuva aumenta, nós não temos comida em casa, e é praticamente impossível descer, porque há um carro capotado no final da rua. Acompanhando as últimas notícias: uma barreira caiu na estrada do contorno. Chove mais em Angra nesses três primeiros dias do que todo o janeiro de 2012. E o livro? Está na gráfica Juizforana, enquanto eu estou ilhado na minha casa no Santo Antonio.