quarta-feira, 29 de maio de 2013

A fortuna dos críticos - Fred Spada


De Marmelos a Trovadores elétricos, a cidade se ilumina

Trovadores elétricos incita uma leitura em alta voltagem, poesia dionisiacamente noturna, mas iluminada e ruidosa como a metrópole, cada poste o holofote para uma cena eminentemente urbana: amores, sexo, conflitos, política, violência, álcool, cigarros, poesia.  
Poesia plugada, distorcida como uma boa guitarra rock ’n’ roll no último volume, dedilhando cada verso num riff alucinado, já que “as portas da percepção estão abertas/ [e] nossa vida é movimento”.
Poesia que “não se escreve/ [mas] se vive como corpo/ solto”, “sem eira, nem beira, nem prumo”, guiada pela pequena tsunami de versos libertários imersos no ecossistema da cidade.
A corrente que entretece seus poemas nos leva a becos, bares, ruas, salas e quartos, na pura razão da tensão sobre a resistência que forma a corda bamba sobre a qual leitores e eu lírico se equilibram cotidianamente: para Anderson Pires, mais do que perigoso, viver é venenoso, afinal, “serpentes sem veneno/ não há aqui/ e muito menos no paraíso”.

Fred Spada

Poeta arqueólogo do olhar

A seguir: Anelise Freitas