Você já comprimiu a complexidade da
vida
em uma bola
e a arremesou ao infinito de uma
indagação?
Já se sentiu como um poema
de Álvaro de campos?
Já se imaginou a perguntar o Ricardo
Reis,
se o encontrasse.
- Ei, Reis, vira ali para a Luz
Interior, responde:
“por que usa essa máscara,
problema de pele ou, por acaso,
tem três olhos?”
Já se viu olhando fotos do passado,
para logo descobrir nisso uma
atividade tediosa,
e procurar urgente um cigarro,
ou alguma coisa mais louca.
Já se encontrou em uma festa,
no seu canto,
querendo silêncio e um quarto vazio,
mas todos à sua volta só tem a
oferecer
drogas e sexo vadio.
Uma vez se sentiu fora do lugar,
do tom,
uma vitrola,
um Kichute,
a Divina
comédia no alto da estante,
algo que não se alcança.
Riobaldo diz: “viver é muito perigoso”.
Mas não, Urutu Branco, viver é fácil,
perigoso são as pessoas.
Inventamos todos os dias, a vida
enrolada em nossos sonhos, ou planos
como seria se não tivesse sido isso e
aquilo
ou nunca tomou porrada, ou levou uma
topada
as pedras no meio do caminho.
É impossível ser feliz sozinho?
Sei lá, pergunte ao defunto no
caixão.
Dizem que ser feliz é a única
condição,
para o bem-estar.
Alguns preferem sexo,
outros religiões,
há algumas exceções,
querem ouro não prata.
Já encarou o espelho,
indagou seu reflexo,
e não tremeu,
não se escondeu sob a barra de nenhum
deus.
Então, somos irmãos,
deixamos a felicidade para os
sonhadores,
e o amor para os inocentes.